segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Ser mulher e ser mãe solteira"



Hoje a meu post é algo que tem vindo a crescer dentro de mim e que precisa sair.
Este post talvez seja mais dirigido a mães que por ordem do acaso e da vida se viram sozinhas com os seus filhos e como eu sendo mulher tenho lidado com o facto de ser abandonada pela pessoa que eu pensava ser para sempre a minha companheira... mesmo que o "para sempre" fosse um divórcio que decidido por mim, ou seja, que fosse eu a pôr um fim ao relacionamento, mas neste caso teria sido eu a pôr um fim porque eu assim o quisera.

Passaram-se quase 10 anos desde que o pai dos meus filhos decidiu voltar ao seu país, deixando-nos com promessas que passados 2 meses se tornaram os nossos pesadelos para os anos que se seguiram e dos quais só conseguimos acordar deles quando eu decidi sair de Portugal e começar tudo de novo. Apesar de tudo tenho feito o impossível para que os Brownies não se sintam de alguma forma "castrados" pela a ausência da figura paternal.
Nunca me substituí ao pai como muitos dizem que nós "mães solteiras" somos pais e mães. E por várias vezes tentei que ele não perdesse o contacto com os filhos... até que os próprios filhos decidiram que o contacto com o pai não fazia qualquer diferença na vida deles e os próprios disseram-lhe que ele era livre de nunca mais contactar... e não é que o bosta aceitou!

Não não somos pai e mães!! 
Somos mães tentando minimizar a mossa da falta do pai. Não quero nem nunca quis assumir os dois papéis e aconselho-vos mães que não o façam porque retiram mais uma das responsabilidades do pai.
E tomei essa decisão quando no segundo ano de abandono decidi que o dia do Pai não existiria nem seria celebrado na nossa casa. E deixei de participar nesse dia nas actividades do Jardim de Infância, e desde aí esse dia foi passado sem lágrimas no meu rosto por me culpar de uma ausência que não era a minha culpa.
Esta decisão devia ser tomada por muitas e muitos mais quando uma das partes se recusa a fazer parte dessa família. Poupa-vos sofrimento desnecessário.

Mas, e a mossa deixada em mim como mulher? Sim como mulher. Não sou só mãe. Sou uma pessoa, uma mulher e mãe.
Pois, vou-vos falar como mulher, a maior mossa deixada foi o fim da minha auto-confiança e auto-estima até hoje, como mulher que podia um dia ser amada ou amar, lidar com a rejeição ou simplesmente como voltar a confiar de que aquela pessoa realmente quer um verdadeiro relacionamento e que nada se repetirá.
 
Posso dizer-vos que no início o que me fazia "fugir" dos homens, primeiro era o facto de que seria aquela pessoa certa para lidar e conviver com os meus Brownies? Os filhos acima de tudo! Segundo como eu me veria de novo numa relação íntima com alguém que aparentemente eu desconhecia, sendo que eu receava até um toque, um beijo quanto mais tudo o resto que daí podia advir... o meu síndrome do sofrimento por antecipação sempre em alta.

Passados quase 10 anos há coisas que mudaram e coisas que continuam iguais. Há algum tempo que não fujo do contacto físico, arrisco-me em Dates online (dava outro post 🙈🙊)... porque as pessoas se escondem atrás de um ecrã e os Smartphones não nos deixam olhar á volta... começo fervorosamente a odiar a tecnologia, mas mal dos meus pecados... uso-a.😔 
Mostro-me confiante e decidida... uso o facto da minha exótica cor de pele ser factor de interesse nos homens do norte da Europa.. até... até que esse factor se vira como meu próprio inimigo e me apercebo como preconceituoso pode ser tanto de um lado como do outro. Deixo de ser mulher, pessoa com sentimentos e carências e passo a ser quase como um brinquedo que a criança logo se farta quando tem outros para brincar.

E inicia-se um acordar de consciência, de que já não estou no poder mas que me submeti aos desejos e expectativas de outros.
Até que aparece alguém que te acorda para a realidade só porque age de maneira diferente e talvez por própria insegurança de sentimentos ou talvez até mesmo porque o próprio nem sabe que raio fazer. Sim tenho/temos de equacionar também as inseguranças do outro lado.

A falsa auto-confiança e auto-estima desmorona-se por completo e inicia-se o sofrimento. 
A mulher gosta de ter tudo bem definido, não pode haver dúvidas porque se as houver a mulher vai transformá-las em monstros e agir de forma estúpida em que pode deitar tudo a perder.
Engraçado, tenho completa consciência de tudo isto, sou de explosões e depois delas levo o tempo a sair das ruínas, tenho de saber em que caminho eu caminho, porque quero ter o poder de controlar (síndrome do controle) uma saída de emergência sem ir parar aos "cuidados intensivos" e sei que estou a agir erradamente mas tudo é mais forte que o próprio reconhecimento de que se está errado.
E assim se fica, "dentro da Ambulância quando o hospital mais próximo fica a milhares de Quilómetros e o médico te diz para te manteres acordada porque se fechares os olhos entras em coma... de novo."

Em conclusão, mães sozinhas não se sintam sozinhas, nem falhadas como mulheres, vocês valem tudo. A minha mãe dizia que todo o tacho tem a sua tampa mesmo que ela ande por outros armários.
Sejam confiantes e tirem tempo que dão exclusivamente aos vossos filhos e deem-se tempo para se mimarem e não se sintam culpadas por o fazerem. Confiem em vocês, sejam calmas, aprendam a aguardar e se forem explosivas como eu... antes de explodirem pensem, repensem, desliguem-se dos media (FB, Instagram, Whatsapp... "whatever") vão dormir ou pelo menos tentar. Encham-se de chocolate, ou gelado... não toquem no vinho ou qualquer bebida alcoólica!

O facto das vossas relações anteriores terem acabado com a vossa auto estima e auto confiança, não existe qualquer razão para continuar debaixo das ruínas, toca a sair delas. Saíam dos vossos ecrãs e Smartphones e mostrem-se, todos merecemos ser felizes. E por favor eliminem as expectativas da vossa vida da mesma forma que eu eliminei o Dia do Pai, elas só alimentam os nossos monstros.

Aah... e se pensam que eu consegui atingir esse estado de graça, esqueçam! Também estou a "trabalhar" nisso tudo, mas já consegui começar a tirar tempo para mim sem me sentir culpada.😉  logo acho que vou no bom caminho pelo menos tento. E quanto ao resto? Tudo a seu tempo que Roma não se fez num dia.


Com muito amizade, 

Carla 




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